2016. Morando na Europa você não tem a mesma sensação de passagem de ano que se tem no Brasil. As férias de verão aqui são em julho, e o ano novo é apenas um intervalo no meio da correria do trabalho e dos estudos. Mesmo assim, como é tradicional, eu vou tentar escrever algo sobre o meu ano de 2015 e tentar deixar guardadas algumas lembranças para o futuro...
2015 foi um ano muito difícil. Morar em outro país é complicado e prazeroso ao mesmo tempo. É desafiante e divertido. É cansativo e renovador. A Holanda é minha casa agora, e a sensação que tenho é a de que, quando estou aqui não quero voltar ao Brasil. Mas paradoxalmente, quando vou ao Brasil, não quero voltar para a Holanda. Tenho dois lares. Dois lugares onde me sinto bem, confortável, aceito e bem comigo mesmo.
2015 foi o ano de tentativas frustradas, de viagens inesquecíveis, do primeiro artigo publicado, da dificuldade de escrever os demais. Foi o ano de parar pra curar a alma, enquanto ao mesmo tempo vivia lutas gigantes dentro e fora de mim. Foi o caminho para longe, e depois de volta para perto. Foi o ano do ceticismo, e da fé reformulada e leve.
Foi o ano em que deixei de me importar em ser isso ou aquilo, mas apenas me importando em ser aquilo que eu devo ser. Foi o ano de chutar o balde, e de retomar com seriedade meus sonhos mais antigos. Foi o ano de ser humilde, e aceitar que preciso de ajuda.
Virei presidente do ISMA, convidado para algumas palestras, fiz outras palestras malucas para o departamento (medindo o nível de tédio das pessoas), não li nem 1/4 do que leio normalmente, comprei uma racefiets, voltei a tocar no louvor da igreja, dei aulas para o curso de mestrado, comecei, terminei, abracei, chorei, sorri, me senti só, me senti mais amado do que nunca, e por aí foi.
Cada ano é diferente, mas 2015 ainda tem muito para ser processado na minha cabeça. E 2016? Eu ainda tenho medo de sonhar, mas tenho no coração algo muito precioso, que espero crescer e se tornar algo significativo. Tomara que 2016 dê certo. Tomara que 2016 seja um ano de surpresas. Já começou assim...
Se me contassem como viria, eu não aceitaria
Eu diria que estás ficando louco, que perdeu o juízo
Diria que fui rasgado a tal ponto que não haveria espaço
E como quem luta contra si mesmo, numa luta infindável, eu cedi
O absurdo se tornou parte do todo
O rejeitado deu espaço à esperança
A hora, Tu sabes
Não era a minha, não era meu tempo
Ainda me retenho, temor
Ainda acredito, esperança
Ainda suspiro, desejo