segunda-feira, 26 de março de 2012

O púlpito e o Rebanho

Muito se têm questionado a fé cristã desde o nascimento do cristianismo, no século I. Após o Iluminismo, além de questionada, a fé cristã passou a ser desacreditada e combatida com mais força, começando de dentro da academia, e causando grande repercussão em nossa sociedade, que tem se tornado cada vez mais cética. Atualmente, além dos esforços externos de desconstruir a fé cristã, percebemos que dentro das próprias igrejas têm havido movimentos (na maior parte involuntários) que acabam por ter o mesmo efeito. Explico.

Não é novidade que as denominações neopentecostais (onde estive por um ano) apresentam uma teologia deformada com enfoque na prosperidade e na total sujeição das ovelha à liderança dentro dessas denominações. Essa entrega parte da ideia de que as doutrinas neopentecostais são inquestionáveis, o que facilita o 'emburrecimento' dos membros, que não apresentam critério algum para julgar as ações e decisões tomadas, bem como as instruções recebidas pela liderança dessas igrejas.

Esses movimentos, apesar de obterem um aumento considerável no número de membros, têm também deixado muitos de seus fiéis no meio do caminho. Vemos com muita frequência pessoas decepcionadas com essas lideranças, desigrejadas agora por não acreditar mais que a igreja é um lugar onde se vive um cristianismo sincero e sem interesses escusos. Além disso, outros são levados a abandonar a igreja por entenderem que há uma total ausência de sentido em algumas práticas, que só levam em conta o emocionalismo e a total entrega às experiências 'espirituais', desfacelando o cristianismo autêntico.

Por outro lado, tenho percebido que há um evangelho sendo pregado em igrejas históricas (por incrível que pareça) que também deixa-nos em uma situação desajustada. Há na fala de muitos pregadores uma certa marginalização do tema da graça, enquanto que a disciplina, a cobrança e a demanda por obras têm recebido uma ênfase maior. É nesse ponto que desejo me ater.

O desvínculo da teologia pregada no púlpito com a graça faz com que a fé perca seu pilar maior, causando algumas consequências, dentre as quais destaco a desmotivação na caminhada de fé por parte das ovelhas e até mesmo o surgimento de um falso 'avivamento' (para ler mais, dê uma olhada em 1), onde as ovelhas são forçosamente motivadas pelo cajado mais do que pelo Espírito. Nesses casos, o medo se torna o motivo para a ação, e a busca pela glória de Deus acaba sendo deixada de lado.

A exortação que vem cheia de ira faz com que sejam lançadas no púlpito palavras pesadas e que não levam em conta que o nosso Deus é cheio de graça, e que o Seu amor cobre multidões de pecados, e impele seu povo ao Ministério. A disciplina não pode ser tema central das pregações, e o evangelho não pode ser empurrado 'goela abaixo' para os fiéis, que muitas vezes merecem a disciplina, porém não dessa forma.

Jesus sempre confrontou os religiosos. Ele se compadecia dos humildes e dos fracos. Aqueles que achavam que eram alguma coisa constantemente recebiam adjetivos pesados e difíceis de serem digeridos. Em nossas igrejas, certamente encontramos os dois públicos: religiosos (no sentido ruim da palavra) e devotos sinceros. Pessoas que precisam ter um despertamento para as verdades bíblicas, e pessoas que estão vivendo uma vida coerente e lutam por isso. Creio que a sensibilidade de quem prega deve ir além de um desejo interno de induzir o rebanho aos seus ideais. Deve-se corrigir em amor, e amar com disciplina. Todos somos devedores e servos inúteis, porém essa compreensão só é dada pelo Espírito, quando este tem liberdade para agir.

Exigir que a igreja viva para aquilo para o qual não foi despertada pelo Espírito é, ao meu ver, um atentado à fé e à graça. Deus opera em nós o querer e o efetuar, Ele nos constrange e nos exorta de modo que não temos reação outra senão responder ao Seu chamado. Temo que a submissão às doutrinas que têm em conta metodologias para alcançar a vontade de Deus sejam bem vindas no povo do Senhor. Fugir das filosofias humanas respaldado em uma ação irracional e inconsistente, que descarte o fato de que Deus é o Senhor da Igreja é, no mínimo preocupante. É criar uma filosofia pessoal, que apenas rejeita as demais. E não passa disso. É a rejeição do conhecimento da humanidade em favor do entendimento individual de um ser humano.

Desejo que a graça volte a ser pregada como tema central dos púlpitos, e que o amor de Deus seja o agente que constranja o seu povo a agir e a viver uma vida mais ativa com o Pai. Não acredito, de modo algum, que alguma metodologia venha a promover uma ação maior da igreja em qualquer âmbito. Que Deus dê discernimento ao Seu povo, do qual faço parte e desejo ardentemente que Ele seja Vida em nós, Luz sobre nosso caminho, e a Filosofia (com F maiúsculo, que vem do alto), coerente e cheia de frutos para os que nEle esperam.

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terça-feira, 20 de março de 2012

O Evangelho em Nárnia

As Crônicas de Nárnia, obra premiadíssima de C.S. Lewis, apresenta em forma de um conto de fadas a história de personagens que nos remetem diretamente à fé cristã. C.S. Lewis deixa para os leitores de todas as épocas uma obra de grande importância e que nos ensina (tanto a adultos quanto a crianças) valores e virtudes essencialmente bíblicas de recheadas de alusões à várias passagens bíblicas, apesar de Lewis declarar que não houve intenção direta em fazer esses paralelos.

A exploração dessas obras tem sido a tarefa de vários estudiosos de literatura, que assumem que a riqueza das histórias é tamanha a ponto de estarmos sempre aprendendo mais à medida que formos cavando esse rico tesouro.

Aslan, os Filhos de Adão e as Filhas de Eva nos presenteiam à cada página, com detalhes de uma sensibilidade única, e nos levam para aventuras que nos enchem de adrenalina, compaixão, raiva, arrependimento, entre outros tantos sentimentos. 

Ao longo desse estudo, tentei dar uma ênfase maior nas referências bíblicas relacionadas com as Crônicas, tratando de uma por uma a fim de contextualizar o leitor sobre seus melindres. Na segunda Crônica, O Leão, a Feiticeira e o Guarda-roupa, fiz questão de frisar mais e dar uma maior atenção à expiação ali proposta, baseando-me no artigo do livro "O Evangelho de Nárnia", organizado pela estudiosa em C.S. Lewis, Gabrielle Greggersen.

Acredito que a viagem por Nárnia vale muito à pena, e convido àqueles que ainda não a fizeram, que lancem mão da demora e mergulhem na história mais linda de todos os tempos, o mito que se encarnou e se entregou por nós. Sim, pois Aslan voltará para pôr fim à todo inverno.

Bom proveito!


segunda-feira, 19 de março de 2012

O Sacramento do Batismo

Apesar de ser considerado por muitos como um assunto secundário na fé cristã, o Batismo se torna um motivo de divergência entre várias denominações evangélicas ainda hoje. Para alguns, a forma do Batismo é relevante, e a sua definição vai direto ao encontro do seu efeito, enquanto para outros o Batismo não apresenta restrições quanto à forma, desde que a água, símbolo maior, esteja presente.

Nos estudos sobre Batismo, podemos entender melhor algumas confusões que são feitas ao ignorar algumas bases bíblicas, bem como desconstruir um conhecimento errôneo à respeito da eficácia do Batismo.

Compreender essas questões torna o cristão mais consciente da importância e do real significado que esse sacramento tem, bem como nos auxilia a fugir de heresias e conflitos que o não entendimento promove. Espero que o material seja de utilidade para a compreensão [principalmente] da visão presbiteriana à respeito do Batismo.

Bons estudos!


segunda-feira, 12 de março de 2012

Os Sacramentos - Material de Estudos

Os Sacramentos são um assunto que apresentam divergências de acordo com a linha de cristianismo que é tomada. Fato é que, ao longo da história, foi necessário que se criassem meios de distinguir os verdadeiros sacramentos, a fim de não banalizar ou mesmo tornar atos solenes como práticas comuns indiscriminadas e aleatórias.

A Confissão de Fé de Westminster apresenta a visão nascida da Assembleia de Westminster (1643-1649) sobre como os sacramentos são entendidos para reformados com uma linha calvinista. Os dois sacramentos considerados são o Batismo e a Ceia. Essa escolha é sistematizada pela definição de que os sacramentos são, ordenados diretamente por Cristo, consistindo de dois elementos: um sinal externo, símbolo ou rito, que dá significado à uma graça interna e inerente ao recipiente do sacramento.

Os slides abaixo foram estudados durante a Escola Dominical de 11/03/2012, na Primeira Igreja Presbiteriana de Lavras, e apresentam a forma como esse assunto é exposto.

A próxima lição será sobre o Batismo. Àqueles que participarão, recomendo a leitura do material e o levantamento das dúvidas para discussão na próxima aula.

Bom proveito!


sexta-feira, 9 de março de 2012

A Vida e a Obra de C.S. Lewis - Slides de estudos

Prezados, não é de hoje que minha admiração por C.S. Lewis é explícita. Acredito fielmente que esse grande escritor já mudou o curso de muitas vidas, e ainda vai mudar outras devido à sua capacidade extraordinária de externar as questões mais profundas e muitas vezes angustiantes de modo simples e cheio de vida.

C.S. Lewis, professor catedrático em Oxford, escritor de grandes obras de literatura infanto-juvenil, obras apologéticas, de filosofia e literatura medieval e renascentista, é, como dizem, um fenômeno e uma anomalia ao mesmo tempo. Seu grande alcance em áreas distintas nos remete à interdisciplinariedade que tanto é falada nas faculdades em nossos tempos mas pouco praticada. Lewis é o exemplo de que o intercâmbio entre áreas distintas promove um conhecimento mais integral, e produz bons frutos, o que o remete ao campo dos extraordinários dentre os escritores de todos os tempos. Ao mesmo tempo, Lewis se torna uma anomalia no momento em que seus próprios companheiros de fé o rejeitam, tomando seus textos até mesmo como hereges. Esse é um fato interessante, e para quem se interessar, aconselho a leitura desse livro, que vai falar de toda a sua obra, e apresentar tanto elogios quanto críticas.

Apesar das controvérsias e dos grandes dilemas levantados por Lewis, é fato que devemos conhecê-lo, se queremos entender questões da vida mais profundamente, como é o caso da dor, do sofrimento, dos milagres, ou do cerne do cristianismo de forma mais didática e pura. Aí sim, àqueles que não se dobrarem ao talento desse notório professor, deixo as minhas sinceras palavras: leia de novo, pois não entenderam bem, ou atentem-se para vocês mesmos. Algo está fora do lugar.